quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Um conto quase erótico

Postado por Lily Luz às 16:08

Eu simplesmente amo esse conto "quase erótico" entre o artigo e o substantivo. Não descobri ainda de quem é a autoria, ficaria imensamente feliz de saber e de colocar os créditos aqui no blog. Quem não conhece vale a pena ler, é delicioso!

"Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com aspecto plural e alguns anos bem vividos pelas preposições da vida.

O artigo, era bem definido, feminino, singular. Era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingénua, silábica, um pouco átona, um pouco ao contrario dele, que era um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos.

O substantivo ate gostou daquela situação; os dois, sozinhos, naquele lugar sem ninguém a ver nem ouvir. E sem perder a oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado e permitiu-lhe esse pequeno índice.De repente, o elevador para, só com os dois lá dentro. Ótimo, pensou o substantivo; mais um bom motivo para provocar alguns sinónimos.

Pouco tempo depois, estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeçou a movimentar-se. Só que em vez de descer, sobe e para exatamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela no seu aposto. Ligou o fonema e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, suave e relaxante. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram a conversar, sentados num vocativo, quando ele recomeçou a insinuar-se. Ela foi deixando, ele foi usando o seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo.

Todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto. Começaram a aproximar-se, ela tremendo de vocabulário e ele sentindo o seu ditongo crescente. Abraçaram-se, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples, passaria entre os dois.

Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era virgula. Ele não perdeu o ritmo e sugeriu-lhe que ela lhe soletrasse no seu apóstrofo. E claro que ela se deixou levar por essas palavras, pois estava totalmente oxítona as vontades dele e foram para o comum de dois géneros. Ela, totalmente voz passiva. Ele, completamente voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais. Ficaram uns minutos nessa próclise e ele, com todo o seu predicativo do objeto, tomava a iniciativa.

Estavam assim, na posição de primeira e segunda pessoas do singular. Ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forcando aquele hífen ainda singular. Nisto a porta abriu-se repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo e entrou logo a dar conjunções e adjetivos aos dois, os quais se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas, ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tónica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar logo diminuiu os seus advérbios e declarou a sua vontade de se tornar particípio na histoória. Os dois olharam-se e viram que isso era preferível, a uma metáfora por todo o edifício

Que loucura, meu Deus. Aquilo não era nem comparativo. Era um superlativo absoluto. Foi-se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado aos seus objetos. Foi-se chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo e propondo claramente uma mesóclise-a-trois. que, as condições eram estas. Enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria no gerúndio do substantivo e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.

O substantivo, vendo que poderia transformar-se num artigo indefinido depois dessa situação e pensando no seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na historia. Agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, atirou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel a língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva."

9 comentários:

Maite Guadagnoli on 11 de novembro de 2009 às 17:40 disse...

Que aula de portugues! ótimo texto, bjos

aapayés on 11 de novembro de 2009 às 17:55 disse...

Siempre me gusta descubrir tus escritos..

Un beso


Un abrazo
Saludos fraternos...

Mara on 11 de novembro de 2009 às 19:17 disse...

Menina!
venho aqui e no Cartas pra Bial e acabo só pensando... naquilo!
hahaha
beijo

Marise on 11 de novembro de 2009 às 21:44 disse...

humm, isso foi no elevador ontem durante o apagão? rsrsrs. bjs

Fernanda Reali on 11 de novembro de 2009 às 22:17 disse...

Ah, por isso estás sumida...


Ela só quer, só pensa em namorar, ela só quer, só pensa em namorar (leia em ritmo de forró, por favor).

hehe!

Carol on 12 de novembro de 2009 às 11:51 disse...

Hahaha adorei!
Isso aqui tá "pura volúpia" hein?!
haha

beijos!

luci disse...

Nossa, que sensual!!! kkkkkk
Quase surtei ao lembrar da época de colégio... E bota tempo nisso!
Beijocas

BECA on 12 de novembro de 2009 às 16:39 disse...

Muito legal o texto. Agora fiquei curiosa tbém, quem será que o escreveu?
BJs

Lily Luz on 13 de novembro de 2009 às 11:07 disse...

Olá queridos, obrigada pelos comentários. Vocês sempre tão carinhosos!

beijins!

 

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